UM



Qualquer coisa que olhemos, para qualquer objeto que apontemos, de tudo diz-se que é...

...é o parque, é a pessoa, é a vida! Tudo é...

...mas você sabe o que é o "é"?

sábado, 23 de julho de 2011

De onde nasce um "Jesus"...

Vivente que lê estas palavras:
Um convite ao mergulho no abismo das responsabilidades!
Tudo que vês, que ouves, que sente afinal, são respostas e simultâneas perguntas da vida à você.
Respostas sobre você mesmo, sobre como acolhes a vida em ti, respostas sobre tua construção, sobre teus condicionamentos frente à vida, a qual eleva uma só Ordem e se mostra somente a você, ela está em você, tudo é você. A Ordem da vida deixa-o livre nas suas construções de comportamentos, seus atos físicos, seus significados mentais, os movimentos sentimentais, tudo isto é de liberdade sua, isto porque são estas construções por que a vida irá mostrar-se à você à forma que você construiu-se, logo, o que a vida lhe mostra e que, por ilusão tua possa parecer externo a ti, são respostas da vida pra teus comportamentos, a vida está animando suas construções, está fazendo você viver do jeito que você mostrou saber viver. E a vida é ininterrupta, isto é, todos os movimentos que você promove a vida sente e, já, faz crescer essas suas promoções.
E a vida pergunta para você no mesmo tempo que lhe responde, pois lhe anima fazendo você sentir suas próprias construções, então ela pergunta, porque o fez livre construtor de seus modos de acolhimento da vida. E pergunta se aquilo que construíste e que cresce em você graças à ela é bom para você. Mas a pergunta da vida não é objetiva, a pergunta dela vem com o que a resposta dela fez você sentir por aquilo que constrói em você mesmo. A vida responde e você continua a viver e ela continua a te responder conforme o que você respondeu à ela, conforme o que você livremente escolheu fazer diante das sucessivas respostas a vida lhe eleva novas perguntas. Logo, a vida instrui-o por sua própria liberdade de construir-se vivo, ela responde-o e, pelo que você sente, se sente-se bem ou mal,  ela pergunta: você vai fazer o que agora? E você responde livremente no continuar da vida, você responde quando escolhe, basicamente, dentre dois caminhos, seguir cultivando aquele comportamento, aquele modo de pensar e agir fisicamente que lhe causou aquele sentimento e aquele estado de espírito, ou decidir transformá-lo, assumindo-o para si mesmo, sem negá-lo ou enganar-se dizendo ter sofrido efeitos do que a vida lhe mostra ao animá-lo e respondê-lo acerca do que construíste.
Por isso a vida é uma bela tragédia, é boa e é ruim, mas seu verdadeiro anseio é fazer-lhe um ser que açoita amorosamente, um malvado caridoso. O anseio da vida é fazer-lhe instrumento dela mesma, instrumento de Sua Ordem. Porém, neste abrir-se para a vida, assumindo-a para si mesmo, sem deixá-la livre à estuprar-te por sua própria invigilância e teimosia, é necessário mergulhar dentro de si, é necessário o auto-açoite antes de tudo, é necessário encarar o monstro criado por si mesmo, é necessário alegrar-se da vida enquanto se olha com profunda seriedade aos modos por que se acolhe a vida. Necessário é inverter a perspectiva frente à vida, ao invés de olhar o que ocorre consigo como causador do que se é, é crucial acolher alegremente aquilo que ocorre consigo e enxergar tudo como efeito do que se é, e se se é um farrapo, assumir que se é um farrapo porque você mesmo é que se constrói, na invigilância, assim, e não fugir sistematicamente do que se é, apontando aquilo e aqueles como os causadores dos modos como você é. Isto não quer dizer que os outros, tanto quanto esfarrapados invigilantes acerca de si mesmos, sejam seres neutros na sua vida, muito pelo contrário, é, principalmente, por estes irmãos mais parecidos com você, um ser humano, que a vida te responde animando teus condicionamentos, mas não são eles que decidem e te determinam, isto é ilusão em que se acredita e pela qual se alimenta o monstro que domina o palco do viver, do seu viver.
Os outros seres humanos te roubam o prazer de viver porque você deixa sem nem se aperceber, você conforma, no seu olhar acerca dos outros, o seu monstro que, alimentado ignoradamente, mantém você na platéia, submisso ao que ele diz pra você que é verdade e que é real, e você nem mais percebe que tem escolha, nem mais percebe a vida te perguntando, você nem mais percebe-se livre, cultivaste o monstro e ele é um gigante, forte e bastante ornado, tudo que era pra ser seu, que era pra estar ao seu serviço, você deu ao monstro e agora ele responde por ti e, pior, você acredita que ele é você, você é responsável por ele, mas você acha que ele é responsável por você, você fechou-se para a vida, você, inconscientemente, não acredita ter méritos ou falhas, o que é bom para você o monstro lhe diz: a vida lhe causou. E tudo que de ruim lhe acontece, o monstro lhe diz: a vida lhe causou. Você não se vê na vida, o monstro lhe diz: você é alheio à vida, não pode fazer nada para modificá-la, conforma-te! E você não aprende mais nada, pois o monstro escravizou-te, você vicia-se em prazeres medíocres e efêmeros e odeia o que de mal a vida lhe mostra. A vida lhe aparece pelo filtro monstruoso que criaste, e aparece distorcida, pensas agora que ela lhe é externa, por isso, nem cogita mudanças suas. Agora, se és otimista você tornou-se arrogante e estima-se mais do que és, seu monstro o faz inflar tudo que lhe é positivo e minimizar ou até negar tudo que lhe é falho. Mas, se você é pessimista você tornou-se descrente da vida e subestima-se como se você existisse pra sofrer, tudo que lhe é positivo você nem sequer lembra, acreditas ter somente defeitos.
E o que fizeste da sua liberdade inescapável de construíres os veículos de sua sensibilidade à vida? Que fizeste do mostrar-se da vida à você? Construíste um monstro pra turvar a vivacidade de tua existência! Fugiste da conversa com a vida, criaste um monstro sistemático e inflexível, emoldurastes a tua vida e, agora, tudo se repete pra você, você tem respostas cristalizadas pra aquilo que você já sabe que vai acontecer e, da mesma forma, sistematizada são suas ações físicas seqüentes, tornaste-te um robô, e este é o mais visível sintoma da auto-vitimização. És sôfrego, pois estática é sua mente, tuas interpretações, teus significados, os caminhos informativos que percorres diante das respostas da vida são os mesmos, e este é o monstro, em sua mente criastes sulcos interpretativos, basta que a vida lhe mostre mudança que você com um dinamismo veloz e nada sadio já se fecha para a possibilidade do novo, percorrendo aquela batida interpretação que lhe explica irrecorrivelmente o ocorrido, imediatamente já estoura em você aqueles conhecidos sentimentos e já vai-se instalando aquele estado de espírito, e os movimentos físicos, igualmente, tornam a se repetir e você embebido novamente nesta truncada experiência, mais uma vez, nem percebe que a vida falou com você e que você respondeu da mesmíssima forma usual e confortável ao dinamismo de suas construções, este é o monstro! Você só percebe as respostas da vida, e as percebe como fatos objetivos porque você não percebe as simultâneas perguntas da vida, as perguntas que, sempre, elevam a sua liberdade de escolher a interpretação a dar às respostas da vida, você responde e não tem noção que é livre e que respondeu com os mesmos padrões que te adoecem, mas a vida lhe respeita e torna mais forte e intricada essa mentalidade e mais hábil se tornam também seus movimentos físicos e mais presentes aqueles sentimentos e, aos poucos, você dá vida ao monstro, e, aos poucos, retira seu equilíbrio da vida e entrega-o ao monstro.
E assim, você tornou-se pesado e sôfrego, pois você não soube lidar com a vida, você, na ânsia de sentir-se seguro, não quis duvidar de si mesmo e, quanto mais carregava certezas, mais rude tornava-se à sutileza por que a vida conversa. E assim, viraste monstro que vê a vida como inimiga, soterrou-se cheio de certezas ao seu redor, e nada lhe é novo, tudo repete-se e você se auto-convenceu impotente, você não duvida de você mesmo, duvida da vida. Você, ingênuo, almejou sentir-se seguro e acreditou ser segurança cercar-se de certezas que o movem quase que mecanicamente, enquanto que a vida suscita que segurança é cercar-se de dúvidas, mas não dúvidas que paralisam o seu agir, dúvidas que lhe permitam conservar-se aberto frente à vida, dúvidas que lhe permitam cultivar fina sensibilidade acerca das respostas da vida, sentir as multilaterais respostas acerca do que construístes e constróis para ser você. E como operar isto? Instituir na mente uma certeza inabalável e silenciosa na vida, inabalável certeza de que é a vida, aqui e agora, que quer-nos plenos e realizados.
O único caminho possível para a plenitude pertence àquela que o fez existir, enquanto você virar-se tão somente pra você querendo segurança, você estará invertendo os pólos do viver, e tudo o que é verdade e certo, lhe aparecerá duvidoso e falho, e tudo que deveria ser cultivado aberto às mudanças, você estará cultivando fechado, e você será monstro porque monstruosa lhe parecerá a vida, monstruoso parecerá o modo como a vida nos toma.
 Todos nós seres humanos, deveríamos admitir que não estamos preparados para como a vida nos toma, seria uma convivência muito mais sincera e amigável dentre nós, talvez nos ajudaríamos e conseguiríamos ser honestos um com os outros, porque todos seriam os primeiros a admitirem-se sôfregos por ignorantes apegos comportamentais. Trocaríamos esta idéia!
Instituir na mente uma certeza inabalável na vida para que se possa começar a abrir-se secretamente à vida essencialmente, sem alardes aos outros esfarrapados escondidos atrás de seus respectivos monstros, se começa num notar decidido das próprias sistematizações condicionadas, e o momento mais propício para este auto-estudo é quando os sentimentos que causastes, ignoradamente, a ti mesmo, deprimem-no. É no momento da tristeza, na pesada atmosfera pacífica da tristeza que você encontrará a calma e a sobriedade necessárias à auto-investigação dos padrões monstruosos que cultivas, e, de imediato, brotará de dentro de ti uma força revigorante mesclada com uma angustia, esta será a resposta da vida, uma resposta emocionada que emerge do livre ser que és, enquanto que ao mesmo tempo uma resposta que vem do teu monstro, avesso à vida que é, sente o perigo e te põe a angustiar, estás no início do olhar à si mesmo e se, te decidires, agora, à esta inescapável atividade, entrarás em crise. E esta crise será porque você estará pondo em dúvida o seu equilíbrio diante da vida, porque você aceita que é desequilibrado o seu equilíbrio atual diante da vida.
E decidir-se à prática do auto-estudo para retomar a confiança na vida e vibrar plenamente na riqueza reluzente dela, significa criar na mente este local sagrado de culto à vida e fazer dele realmente um local sagrado cada vez mais múltiplo e usual na sua vivência, significa estudar o seu monstro para dobrá-lo e pô-lo ao serviço de si mesmo, utilizá-lo no serviço de sua inerente liberdade, transformando-o em atos saudáveis e cheios de vida. Mas, primeiro, deve-se irar-se contra sua própria construção e amar você mesmo, aquele indefinido, que é a vida e é livre para transformar-se infinitamente, e, para isso, você, monstro, tem que dar um voto de confiança à vida que lhe foi dada e que permite que você, ó indefinição, construa e se condicione de qualquer modo para vivê-la, inclusive de um modo que a nega.
É preciso realmente convencer-se e enxergar-se doente, é preciso querer curar-se e não deixar que o saber de que se está doente se torne outra frase manjada de seu monstro, ou seja, não deixar cristalizar a idéia por desuso,  é preciso querer enxergá-lo e saber que ele é a sua doença, ele, o qual você construiu e que é o seu doente instrumento por que enxergas a vida e por que, nela, age.

É preciso criar este local mental de auto-crítica e, num absoluto silêncio, expiar-se. É preciso sofrer sem gratuidades. É crucial interpretar com auto-crítica os sofrimentos, com auto-crítica para que seu monstro não o iluda repelindo dele mesmo a causa dos sofrimentos seus. É preciso que antes de acreditar no que pensa, você estude à você mesmo para ver donde partiu aquele pensamento, conservar a dúvida na mente. É preciso pensar sobre os atos físicos, tentando achar as suas desatenções que é onde você alimenta o seu monstro, é preciso raciocinar sobre os sentimentos que lhe abatem e que lhe inspiram, observando que pensamentos elevam-no aqueles sentimentos, tanto se forem sentimentos ruins ou agradáveis. É preciso criar e, sem cessar, utilizar este local auto-crítico na mente, para que possa observar que pensamentos causam e povoam os sentimentos seus.
E, na medida em que você obtém respostas sobre seus doentios condicionamentos frente à vida, sua mentalidade auto-crítica vai ficando poderosa frente ao seu monstro, você vai instruindo-se acerca de seus padrões falhos de vivência e, agora, pode ir deixando de ser vítima de si mesmo, você vai conhecendo-se e este auto-conhecimento compõe seu arsenal transformador do seu monstro, pois que você pode imaginar mudanças que transformem em saúde e alegria aquilo que carrega doentia e sofregamente. E, neste gradual exercício transformador sua mentalidade auto-crítica vai alargando-se porque você vai notando os resultados de toda esta sua criação, e a angustia vai lentamente passando, e as forças que você nem poderia imaginar que tinha vão tornando-se exponencialmente maiores dentro de você. Assim é que seu monstro de automatismos comportamentais vai sendo sugado pra dentro de seu espaço auto-crítico através de suas imaginativas transformações dos comportamentos, e você vai sobressaindo, o palco de sua vida vai ficando livre pra você, você agora vibra com a vida e você brinca nela, você conversa com ela porque lapidastes sua sensibilidade para senti-la, você se ama e ama a vida e confia nela porque viu que ela ama você e então, a deixa instruí-lo, e você aprende brincando e você flutua no que, antes, era sua âncora, e, de repente, olha!

Enxerga então seus irmãos humanos, enxerga-os distorcidos e monstruosos, pesados, mas você ama a vida e tudo que ela lhe mostra, você ama-os, e a vida lhe pergunta: e agora livre criança o que vai fazer? Mas, agora, você pode ver com muito mais clareza e serenidade seus irmãos, você foi monstro também, e ainda luta com ele, você então, quer-se instrumento da vida, você sente que pode ser o malvado amoroso para eles, você já está em contato com a fonte inesgotável da vida, sua sensibilidade faz emergir intensa força amorosa para sua vivência. Você tem habilidades que foram polidas do que antes era seu monstro sombrio e dispõe de força suficiente para suportar os rótulos que vão lhe pôr seus irmãos em fuga quando mostrar seu amor, o amor que age com um compromisso para além do que os monstros deles permitem-nos ver, você parecerá malvado para a mente imediatista de seus irmãos, mas você, aí, entrará na etapa da luta consigo mesmo, a luta por confiar que o que estás fazendo não é crueldade diante da vida, é amor, é caridade para além dos olhos dos seus irmãos.
Se você quer ajudar os que estão ao seu redor, é preciso, antes, guerrear consigo mesmo, trazer com decisão a boa e indispensável guerra para consigo mesmo, para, com sinceridade, assumir e criticar os seus próprios comportamentos, sem atribuir causas externas às suas mazelas íntimas. Você pode e deve conciliar a auto-crítica à sua ânsia de ajuda aos seus próximos, mas se você, fundamentalmente, não estiver compromissado em ajudar e amar a si mesmo acolhendo-se num seio auto-crítico, pouca ou nula será sua ajuda aos seus próximos e, da mesma forma, pouca ou nula poderá ser a ajuda dos outros a ti. Ademais, o exercício auto-crítico deve ser silencioso e confidencial, o que, conseqüentemente, fornecer-lhe-á um caráter ascendente na vivência do seu dia-a-dia, de modo que ele é o gradual retorno à conversa com a vida. Logo, ele não lhe toma tempo algum, pois que ele se propõe frente ao incessante mostrar-se da vida a você, ele propõe a você o seu auto-conhecimento, por isso, é imprescindível o continuar do seu viver a vida para que você angarie informações acerca de si mesmo e possa, efetivamente, conhecer-se para transformar-se. Assim, se você ama, ajuda e realmente se preocupa com os seus próximos, busque criar a transformadora mentalidade auto-crítica, pois aí você poderá, sem alterar a dinâmica cotidiana dos seus dias, começar a elevar-se e enxergar mais claro e raciocinar mais longinquamente frente à vida, e suas ações de auxílio ganharão maior pertinência e tangência na vivência intransferível e totalmente livre dos teus próximos, e sua força será maior e seu amor menos carente de condições.
Em determinada altura de sua guerra consigo mesmo, você poderá notar com clareza ímpar que o que aflige realmente a todos nós, irmãos humanos, é a sistemática individual fuga de si mesmo, o que faz de cada qual um ser rude e presunçoso, cheio de orgulho de seu monstro e recheado de críticas aos monstros dos outros, você poderá perceber cristalino que a nossa fuga íntima consiste em trazer a guerra para fora de si, escondendo as nossas respectivas sofreguidões lutamos para mudar todos os outros e nada fazemos para formarmos uma imagem equilibrada da possível e, mesmo, indispensável pergunta: quem sou eu.
Porém, enquanto você não admitir para você mesmo que cultiva um monstro, eu serei o mais monstruoso dos seres humanos.
Lutar por conhecer a si mesmo, lutar com decisão!

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