A unidade bi-polar

   Para o bondoso, o mal é negado.
   Para o maldoso, o bem é negado.

   Para o amoroso, bem e mal são afirmados e trabalhados.

   Para o bem, o mau é um mal.
   Para o mal, o bom é um mal.

   No amor, no entanto, bem e mal são vistos em dança, pois que, nele, o que unicamente é visto é o crescimento instrutivo a surgir desta tensão dentre opostos. 

Na pintura, você melhora e afina seus traços não pintando mais o papel ou a tela, mas pintando de menos.

No tocar um violão, você melhora e consegue mais finos acordes, não agitando e enrigecendo mais os dedos que "coçam" as cordas, mas relaxando-os concomitantemente mais.

Na vida igual. Consegues vislumbrar a riqueza que está dada permanentemente, praticando o "querer menos", cada vez menos.

E como se faz isto?

Talvez, elevando, o máximo que se puder, as considerações acerca dos seres e das coisas que nos já estão próximos.

Em todo o viver, está a vida, convidando o vivente a ir ter com ela as incontáveis dissemelhanças em meio às semelhanças do momento presente.

   A existência não diz: guerreiem
   Nem diz: pacifiquem-se

   A existência diz: cooperem


     A competição é um tipo bastante tosco de cooperação.
     O "paz e amor" é um tipo bastante ingênuo de cooperação.

     Mas... temos que saber: quando um convívio está desequilibrado para um certo extremo, não tarda a surgir pessoas e elementos se desequilibrando ao extremo antagônico. 

Toca Raul...

E eu que, por muito tempo, me achei ouro em meio aos porcos, só pelo medo de não sê-lo.

Dias ruins são dias que lhe apontam de que deve despir-se para que se tornem mais freqüentes os bons dias para você.

O que lhe incomoda?

Você se incomoda frente àquilo que lhe incomoda... ou você incomoda os outros?

Você investiga aquilo que lhe incomoda em você, ou você apenas se comporta em conformidade com seu incômodo presente.

Você, ó vivente, é ator de seu palco, ou é passivo espectador.

Eu sou ambos, o medo, a raiva, a mágoa tornam-me mero espectador da vida que sou.

Eu sou ambos, a tranqüilidade, a paciência e até a tristeza, convidam-me à atuação efetiva neste palco que é minha construção, minha personalidade.

Por vezes, meu palco, minha personalidade, minha consciência não possuí as ferramentas para lidar com certas situações. Amedronto-me, fico acuado.

Mas a situação-limite, tendo um fim, posso, muito bem, refletir a experiência, para assim arregimentar novas ferramentas que poderei experimentar em novas situações-limite semelhantes. Assim vou ficando cada vez mais na atuação de meu palco consciente.

Do contrário, deixo-me traumatizar com as situações estressantes e,da mesma forma, pouco à pouco, vou ficando na platéia de minha própria construção, e o medo, a raiva, a mágoa, vão tomando partes cada vez maiores de minhas capacidades sentimentais.

Incomode-se antes de incomodar aos outros!

Ama-te.

Aos filhos devemos nos esforçar para ensiná-los a linguagem mais bonita por que podemos demonstrar nosso amor.
Mas, tudo que é bonito é também mais difícil!

Vivemos muito dentre nós mesmos. E isto faz-nos esquecer que vivemos e que somos a vida.

O silêncio audível

Sabe aquela atividade que mais gostas de praticar?
Começará a perceber sua inconsciência quando se predispores a gostar de praticar a vida, e não, apenas, partes da vida.

Do alto de sua loucura, enxerga-te normal.
E te autorizas aí, a falar da loucura dos outros.

Como é fácil tornar-se criança na interação com crianças, pequenos humanos!
Como é difícil manter-se criança na interação com adultos, crescidos humanos!

Paradoxo da VIDA

• Depressão de viver

   Sou triste, já vivi minhas alegrias.
   Não canto, há muitas pessoas que cantam melhor.
   Sou apressado, a calma me agoniza.
   Vivo preocupado, nunca se sabe o dia de amanhã!
   Como vou descansar? Vivo cheio de problemas.
   Não consigo dormir. Me deito, mas ando em cícrculos entre pensamentos e emoções angustiantes.
   Penso em matar-me. Mas, algo dentro de mim rouba-me esta coragem imediata. O que será?

• Alegria de viver

   Eu canto porque tenho vergonha!
   Eu amo porque sinto raiva!
   Sou paciente porque agonizo angústias.
   Tenho prazer de viver porque sofro desprazeres nalgumas situações vivenciais.
   Calei-me, muito já lamentei acerca de meus problemas...
   ...agora, ando. Cansei de ficar sentado!