UM



Qualquer coisa que olhemos, para qualquer objeto que apontemos, de tudo diz-se que é...

...é o parque, é a pessoa, é a vida! Tudo é...

...mas você sabe o que é o "é"?

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Voceu...

   Você não é aquele que você diz que é.
   Nem é aquele dos teus pensamentos.
   Nem é este que mora neste corpo que afirmas ser teu.
   Você é aquele que, quando vai dizê-lo, já não é mais.
   Você é o "aqui e agora". 
   Este aí que tem um nome, pelo qual tu te fazes reconhecer e em que, tu mesmo, te reconheces, este é teu construído diante da tua comunhão com os outros que são "aqui e agora".

   Você não é o joão ou a maria, você é a infinita construção deste joão, desta maria.
   Você não é a consciência de si, você é a possibilidade de construir esta consciência de si.
   Você, sobre o qual não se diz - se vive - consegue construir isto que você chama de "eu", porque você, ó vivente, está unido, colado, junto com os outros vivos, todos se mostrando uns pelos outros, todos dançando, todos em Igual Sagrada oração.
   Isto que você chama de "eu", isto surge da sua dança com os outros que são "aqui e agora"...
   Não pensas para poder viver.
   Vives para poder pensar, e aí, até podes pensar que és o que pensas, nasce aí a "ilusão de eu".
   Você é a continuidade dos momentos, a conexão de um momento no outro.  

   Então, esta nossa atividade, pela qual falo com você, é parte desta "ilusão".
   A "ilusão nossa", da nossa coletividade humana. Nós, ó viventes, que vivemos sentindo-nos nesta humanidade diante da dança em que nos pegamos viventes.
  
   Talvez você não esteja entendendo bem isto aqui!
   Se for o caso, você já deve estar falando consigo - alguma    dúvida já está a lhe rondar!
   "o que esse cara quer dizer com isso?"
   "o que vou fazer agora?"
   "vou tomar uma água!"
   Seja o que for, você, certamente, encontra-se em algum lugar! E, se estás a ler isto, ao menos tentanto ler algo que talvez exija alto grau de atenção e quietude, é porque estás te sentindo seguro neste lugar - te sentes em casa.
   Sentir-se em casa? O que seria isto?
   Podes vir a saber onde estás na medida em que formulas as perguntas! Ondes estás?
   Como estás onde estás?
   De onde veio?
   Quem dizes que és?
   Onde nasceu?
   Qual lugar? Certamente em algum ponto do nosso planeta Terra! - ou devo colocar "?"
   Perto de quais pessoas? O jeito de viver de teus pais, como eram, ou são? Cresceu como filho único ou com irmãos?
   E quantas indagações mais?

   Se escrevo e você entende, consegues ler! Se projeta os olhos nesta tela e une estas letras virtuais, alguém te ensinou a ler. Teus pais falavam, e os pais dos teus amiguinhos falavam também, e todos falam, por isso há a escrita, as línguas, a leitura. Por isso há as letras, os alfabetos, as gramáticas.
   Conseguimos disciplinar a voz, a capacidade físico-corporal de emitir sons com a boca. Graças ao corpo físico então, o qual nos compete individual-respectivamente, conseguimos comunicar o que pensamos!
   E o que pensamos não foi alimentado pelo que estivemos vivendo até agora?

   Pelas possibilidades da respectiva mente que nos compete é que carregamos as bagagens colhidas ao longo de nossas respectivas experiências, nossos respectivos momentos de vida, do nascimento ao agora vigente de cada um de nós.
   O que vives agora? O que pensas viver agora? Para onde se movem teus atos? O que desejas? O que julgas já ser?
   O que fazes disto que és, esta liberdade de poder ser?
   O que constrói para ser você?

   Como dinamizas tua mente para olhar para este corpo que lhe empresta a natureza Terrestre?
   Da mesma forma que teu corpo te cobra alimento e manutenção, tua mente igual!
   De que tipo de experiências alimentas tuas capacidades mentais?
   Qual teu modo de viver?
   Você digere mentalmente os diálogos que travas com os irmãos humanos? 
   A vida social humana na Terra, na física Terrena, é repleta de posições culturais largamente diversas e contraditórias. O que falam as pessoas que freqüentas? 
   Qual o tipo de lazer que procuras?
   Em que você trabalha? Você sabe - ou procura saber - o lugar social, a influência social do trabalho que exerces?
   Qual a mente que cultivas para viver? Te sentes bem com teus princípios frente a vida?

   Mas se podes mudar esta tua mente que te diz o que é tudo isto que cerca este teu corpo físico, podes notar que também não és esta mente, estes pensamentos que lhe são íntimos!
   Sabes que podes mudar o que pensas?
   Notas haver regiões com padrões de pensamento distintos uns dos outros conforme conduzes teu corpo por diferentes situações físico-mundanas?
   O que pensas quando estás só, fisicamente só?
   Conseguirias ler e pensar isto que lhe convida estas palavras se estivesse dirigindo um veículo por exemplo?
   Quando estás com teus amigos, pensas e dizes as mesmas coisas que quando estás na companhia de estranhos?
   Conheces tuas reações diante das situações que lhe são corriqueiras? - ao menos dispõe-te a conhecer?

   Mas se alcançar notar que teus padrões de pensamentos mudam conforme muda a circunscrição de teu corpo físico, poderás notar que não há, para dentro deste teu corpo de carne, somente este espaço mental que te permite interpretar o mundo físico!
   Há um outro espaço digamos, que te persuade à mudança de região mental, conforme se operam mudanças nas circunstâncias que envolvem-no fisicamente. Há como que um mar, que ora se acalma, ora se agita, impregnando de força, sutil ou grosseira, as tuas regiões pensantes.
   Há diferentes emoções que povoam as tuas diferentes formas de pensar conforme vives o mundo objetivo, aquele em que, cada um de nós, aparece como sendo um destes corpos de carne.

   Emoções, pensamentos, o corpo, o meio de todos, tudo lhe aparece.
   Teu corpo te faz público aos demais seres humanos, iguais donos de corpos de carne.
   Mas pra dentro deste teu corpo, onde ninguém pode apontar objetivamente nada, a não ser as tuas vísceras físicas, aí dentro mora teu segredo, teu pensar em dança com tuas emoções.
   Aí dentro mora tua fortaleza, tua fragilidade.
   É daí de dentro que surge tua diferença, o teu ser neste mundo físico.
   É a graças ao teu invisível mundo, que tu não te perde no meio de tantos outros corpos como o seu.
   Mas, os outros irmãos podem mesmo arruinar teu mundo íntimo.
   Aliás, nós, toscos que somos pra ver a intimidade que nos compete, somos soterradores uns dos outros...
   Todos nós estamos a cuidar uns dos outros, enquanto que poucos, muito poucos, cuidam dos farrapos que são... poucos sabem o valor de sofrer com a própria hipocrisia.

   Vai amar tua indefinição...
   Vai sofrer com tua pequenez...
   Convence-te de tua resignada burrice de te construir pequeno...
   Olha o teu olho que só fita o que tu nunca alcançarás mudar...
   Olha o teu olho que desvia teu olhar da tua pequenez...
   Olha o teu olho que te convence que és alto, enquanto permaneces rebaixando tu mesmo...
   Olha a tua loucura que te diz que és normal...
   Olha a tua loucura de falar da loucura alheia...
   Olha, compreenda, sofra, tu contigo mesmo.
   Assim enxergarás que tu não morre, verás que não és este que, agora mesmo, acreditas que és...

       
  
  
  
  
  

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